quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Corrente Galvânica

A corrente galvânica é uma corrente que tem as características de uma corrente direta. Vamos primeiro fazer uma definição da corrente direta. Observe primeiro a figura:
Todas as vezes que temos uma fonte de corrente elétrica com polaridades fixas, ou seja, um pólo só positivo e outro só negativo, e fazemos uma apresentação gráfica do comportamento da corrente , obtemos o gráfico acima. Quando isto ocorre estamos diante de uma corrente classificada como corrente direta ou corrente contínua. Como definição podemos dizer que a corrente direta é uma corrente cuja intensidade se mantém constante em função do tempo. O exemplo mais comum é o da bateria de uma carro.
O que é a corrente galvânica? Na prática, esta corrente é a mesma corrente direta. No entanto, existem alguns equipamentos (que não são muito comuns) que produzem uma corrente chamada EGAV (estimulação galvânica de alta voltagem) e que pelo fato de ser pulsátil, não tem nada a ver com a corrente direta.
Os equipamentos que dispomos hoje no mercado são bastante simples, de forma que os controles que temos de operar, geralmente não passam do: controle de intensidade (mA) e controle de tempo (min).
Prof. Alberto Monteiro Peixoto Apostila do Curso de Eletroterapia Versão 1.0
- Eletrólise produzida pela corrente galvânica no tecido Vamos observar o desenho abaixo:
Vemos que quando colocamos eletrodos para aplicar uma corrente polar forte sobre o tecido, provocamos embaixo destes eletrodos a formação de ácido embaixo do positivo e uma base embaixo do negativo. É sabido também que essa base é mais irritante que o ácido e conseqüentemente o eletrodo negativo é mais irritante que o positivo.
- Teoria de Cohen e a Osmose
A teoria de Cohen é uma das teorias que justificam o deslocamento da água no sentido do pólo positivo para o pólo negativo. Esta teoria afirma que quando fazemos circular água por uma rede de cavidades (como ocorre em nosso organismo), essa água começa a apresentar uma carga, esta carga é tão positiva quanto maior for sua constante dielétrica (que é o caso da água). Em outras palavras, a água é apolar, mas apresenta características positivas em nosso organismo, e isso faz ela ser atraída pelo pólo negativo.
A presença da força osmótica, deve-se ao fato de em geral, as cargas positivas presentes em nosso organismo estarem associadas a estruturas mais leves do que aquelas de cargas negativas. Devido a este fator, haverá um acúmulo de moléculas mais rapidamente no pólo positivo do que no pólo positivo, já que é mais fácil deslocar as moléculas positivas do que as negativas. Isso faz a água ir de encontro a região de maior concentração de soluto: pólo negativo.
Prof. Alberto Monteiro Peixoto Apostila do Curso de Eletroterapia Versão 1.0
- Indicações da Corrente Galvânica
A corrente Galvânica embora não seja muito utilizada atualmente, tem várias indicações em áreas bem específicas: Eletroendosmose, Iontoforese, Eletrólise capilar e analgesia. Vale também lembrar que as correntes polares, e esta principalmente, devem ser utilizadas com eletrodos esponjosos.
Eletroendosmose: É o uso da corrente galvânica com o objetivo de promover o deslocamento de líquido de uma região para outra no tecido. Ou em outras palavras, facilitar a drenagem de edema. O uso desta corrente para facilitar a drenagem está apoiado nas duas teorias vistas anteriormente (teoria de Cohen e a osmose).
A técnica de aplicação consta do seguinte: com a utilização de eletrodos especiais (esponjoso embebido em água), colocamos o eletrodo positivo em cima do edema e o eletrodo negativo em uma região bastante vascularizada e mais proximal. O eletrodo deve ser de preferência, maior ou igual à área a ser drenada. A intensidade da corrente é aquela suficiente para promover um formigamento na pele do paciente (não ultrapassando 3mA), e deve durar de 10 a 15 minutos.
Esta técnica não deve ser utilizada com o objetivo de resolver a situação de edema do paciente, mas com o objetivo de facilitar uma drenagem.
Iontoforese: Este termo refere-se a utilização da corrente direta com o objetivo de facilitar a introdução de drogas via tecido cutâneo. A justificativa é que com a utilização de drogas polares, conseguimos aumentar sua penetração devido a presença da corrente elétrica, e também, relata-se que a corrente utilizada aumenta a permeabilidade cutânea.
Existem três vias pelas quais a droga vai penetrar: (1) – folículos pilosos; (2) – extrato córneo e (3) – os poros das glândulas sudoríparas. Esta terceira via é a principal delas, pois as outras apresentam uma impedância elevada á passagem da corrente.
A dose utilizada para introdução da droga na iontoforese, varia conforme alguns fatores: o tempo de aplicação, a intensidade da corrente e a carga do íon. A dose sugerida é de 80mA/min. Isto quer dizer que para passar 20min, usaria no máximo 4mA. Já a densidade de corrente mais indicada fica em torno de 0,3 a 0,5 mA/cm2.
Prof. Alberto Monteiro Peixoto Apostila do Curso de Eletroterapia Versão 1.0
Outros fatores como: as propriedades da droga, as características do equipamento utilizado para aplicação e as características do local da aplicação, são fatores que influenciam na penetração. A concentração utilizada é conseguida com uma diluição entre 1% e 10%. Os eletrodos devem ser do tipo esponjoso.
A técnica para aplicação no entanto não é tão complicada, pois estes valores geralmente vêm determinados quando se adquire a droga para uso na iontoforese. Encontramos informações como: carga iônica, tempo de aplicação, corrente utilizada, diluição recomendada. Bastando a partir daí, colocar o medicamento em um dos pólos: se a carga do medicamento for positiva, colocamos junto com o pólo positivo, para que ele seja atraído pelo outro pólo e assim penetre na pele. Veja exemplo de aplicação de um medicamento com carga positiva, na figura abaixo.
Eletrólise capilar: Existem pêlos que são uns verdadeiros incômodos para algumas pessoas, seja por uma foliculite, seja por uma questão de estética, como é o caso da presença de pêlos em mulheres, na região do queixo, buço, pescoço, mamilos etc.
A depilação definitiva é bem conhecida através do laser, no entanto, a eletrólise capilar também é um recurso bastante eficiente. É um tratamento que pode demorar de 10 a 20 sessões e que consiste na cauterização do folículo piloso. Isso ocorre devido ao aquecimento provocado pela passagem da corrente, como também devido a presença de NaOH formado devido a presença de uma carga negativa constante dentro do bulbo.
Prof. Alberto Monteiro Peixoto Apostila do Curso de Eletroterapia Versão 1.0
A técnica consta da utilização de um equipamento de corrente galvânica que contém um eletrodo (-) em forma de agulha sem ponta, de espessura aproximada ao do fio de cabelo, e um eletrodo (+) em forma de placa, que servirá como referência. Após a colocação do eletrodo de agulha dentro do folículo piloso (com a ajuda de uma pinça), regulamos a corrente para que provoque apenas um pequeno formigamento que vai durar em torno de 5s. Se o pêlo não sair com facilidade, é feita outra aplicação.
Após a retirada dos pêlos, o paciente voltará a outras sessões, cujo intervalo varia geralmente de 15 a 30 dias, para fazer uma nova retirada até a depilação definitiva.
É importante que antes de cada sessão, haja uma avaliação dos pelos; uma assepsia da região a ser tratada, e após a sessão, deve-se evitar a exposição ao sol e não deve utilizar outro método de depilação. Veja na figura abaixo a introdução da agulha no folículo piloso.
Analgesia: A função da corrente galvânica como analgésica não é bem explorada por não se saber seu mecanismo de ação, embora encontramos explicações que relatem duas explicações para este fenômeno: primeiro, se afirma que a corrente galvânica promove analgesia devido à hiperemia provocada por esta corrente, o que induz ao aumento da absorção de substâncias que poderiam estar causando esta dor; segundo, afirma-se também que esta corrente aumenta o limiar dos receptores.
A técnica de aplicação consta da colocação de dois eletrodos esponjosos embebido em água, sendo o eletrodo negativo colocado em cima do local da dor.
Prof. Alberto Monteiro Peixoto Apostila do Curso de Eletroterapia Versão 1.0
Colocamos uma corrente suficiente para provocar um formigamento leve. O tempo de aplicação fica em torno de 10 minutos.

Equipe: Rízella Lindoso, Lindinêz Andreza ,Hortencia Costa, Omar Prazeres , Manuela Silva, Fabiana Cristina , Diego Campelo , Guilherme Arruda. 

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Combate à lombalgia utilizando a eletroterapia







Introdução


O termo lombalgia se refere à dor na coluna lombar, sendo um dos sintomas mais comuns das disfunções da coluna vertebral. Essa é uma disfunção que acomete ambos os sexos, podendo variar de uma dor aguda, se durar menos de quatro semanas; subaguda, com duração de até 12 semanas; e crônica, se persistir por mais de 12 semanas. Estudos da Organização Mundial da Saúde (2007) revelam a dor lombar como um problema de saúde pública mundial, atingindo cerca de 80% das pessoas em algum período de suas vidas, causando graves consequências socioeconômicas. A dor lombar é uma importante causa de incapacidade, ocorrendo em prevalências elevadas em todas as culturas, influenciando a qualidade de vida das pessoas.A lombalgia crônica é um sintoma, e não uma doença, que se caracteriza por dor, a qual pode ser resultante de causas diversas. Devido à complexidade das lombalgias, podemos classificá-las etiologicamente como estruturais; traumáticas; músculo esqueléticas; degenerativas; reumáticas; defeitos congênitos; inflamatórias; neoplásicas; viscerais reflexas; doenças ósseas; e metabólicas. Além disso, observa-se grande incidência de lombalgias relacionadas à atividades laborativas, que levam à posturas e movimentos corporais inadequados causando sobrecarga sobre a coluna lombar, levando a uma série de transtornos físicos e prejuízos de ordem financeira, causados pelo absenteísmo, diminuição da produtividade e, consequentemente dos lucros empresariais. Há variados recursos terapêuticos à disposição para o tratamento da lombalgia, como medidas cirúrgicas e medicamentosas. Contudo, a fisioterapia atua por meio do tratamento conservador, dispondo de recursos eletrotermofototerapêuticos, cinesioterapia por meio de programas de exercícios que visam melhor condicionamento muscular, alinhamento postural, relaxamento e alívio sintomático da dor. Entretanto, sua elegibilidade irá depender do quadro clínico do paciente e da avaliação realizada pelo fisioterapeuta.




Fundamentação Teórica



Lombalgia crônica é caracterizada como dor lombar músculo-esquelética inespecífica, que é uma dor nas costas na região lombar atribuída a uma tensão muscular, deslocamento da tensão lombosacro, deslocamento tensional miofacial e ainda dores causadas por anormalidades musculares.

Devido a uma inexistência de uma fidedigna correlação entre os achados clínicos e os de imagem há dificuldades do estudo das abordagens das lombalgias por ser um segmento lombar inervado, tornando difícil determinar com precisão o local e origem da dor.

O TENS é a modalidade bastante utilizada para o tratamento da dor musculoesquelética que consiste na geração de impulsos elétricos através da pele por meio de eletrodos, impedindo a transmissão de informação nociceptiva até o cérebro.



Eletroterapia



A eletroterapia consiste no uso de correntes elétricas com finalidades terapêuticas diversas. Existem muitos tipos de correntes que podem ser utilizadas na eletroterapia, cada qual com particularidades próprias quanto às indicações e contraindicações. Mas todas elas têm um objetivo comum: produzir algum efeito no tecido a ser tratado, que é obtido por meio das reações físicas, biológicas e fisiológicas que o tecido desenvolve ao ser submetido à terapia.


Alguns desses objetivos são: controle da dor aguda e crônica, redução de edema, redução de espasmo muscular, minimização de atrofia por desuso, facilitação da reeducação muscular, fortalecimento muscular, facilitação da cicatrização tecidual e da consolidação de fraturas. 

Para a utilização da eletroterapia há precauções que devem ser seguidas: evitar tratar sobre a pele com transtorno de sensibilidade, evitar feridas abertas na área de tratamento, evitar áreas de extremo edema, não colocar eletrodos sobre os músculos da laringe, faringe, próximo ao seio carotídeo. São contraindicações para utilização da eletroterapia: áreas com distúrbio vascular,indivíduos portadores de neoplasias, pacientes mentalmente desorientados (Hayes, 2002).



A intensidade da corrente deve sempre ser aumentada gradativamente, de acordo com a tolerância do paciente. Devem ser utilizados eletrodos de silicone, borracha ou autoadesivos em bom estado e gel condutor de boa qualidade (IBRAMED, 2009)





Eletroanalgesia



A eletroanalgesia consiste no uso da eletroterapia com objetivos analgésicos. É um recurso útil no tratamento das dores lombares agudas e crônicas. Os tipos de correntes mais utilizados para esta finalidade terapêutica são a eletroestimulação transcutânea (TENS) e a corrente interferencial (Guirro e Guirro, 2004).



TENS (estimulação elétrica nervosa transcutânea)

A TENS é uma corrente de baixa frequência (2 a 200Hz) considerada um recurso valioso para o alívio da dor, seja ela proveniente de lesões agudas ou decorrentes de processos crônicos. O uso desse tipo de eletroestimulação tem permitido a redução na utilização de medicamentos farmacológicos para o controle da dor lombar (NEFE, 2010).

Esse tipo de corrente age sobre as fibras nervosas aferentes como um estímulo diferencial que "concorre" com a transmissão do impulso doloroso. Ativa as células da substância gelatinosa, estimula a liberação de endorfinas, endomorfinas e encefalinas, diminuindo ou bloqueando a percepção central à dor (NEFE, 2010).

A eficiência no uso da TENS está diretamente relacionada à forma do estímulo, sua intensidade, frequência e a colocação dos eletrodos. Na medida em que os impulsos atingem o nervo acontece à regulação para o controle da dor (Rodrigues e Guimarães, 1998). 
Para o controle da dor aguda, normalmente a frequência usada é alta variando entre 100 e 200 Hz. Para o manejo da dor crônica utiliza-se frequências entre 50 e 100Hz. Os eletrodos devem ser posicionados paralelamente à área dolorosa. Quando necessário outro par de eletrodos pode ser fixado bilateralmente à coluna vertebral, ao nível das raízes nervosas que abrangem a área da dor (IBRAMED, 2009).

Eletrolipoforese

Por definição, a eletrolipoforese é uma técnica destinada ao tratamento das adiposidades e acúmulo de ácidos graxos localizados. Segundo Soriano et al., caracteriza-se pela aplicação de microcorrentes específicas de baixa freqüência (ao redor de 25 Hz) que atuam diretamente no nível dos adipócitos e dos lipídios acumulados, produzindo sua destruição e favorecendo sua posterior eliminação.
A eletrolipoforese trata-se de um procedimento que consiste em veicular ondas elétricas de intensidade e de freqüência definidas. Utilizam-se vários pares de agulhas finas (0,3mm) e longas (5 a 15cm), desempenhando o papel de eletrodos, são ligadas a correntes de baixa intensidade, criando um campo elétrico entre elas
A intensidade da corrente utilizada varia de 5 a 40 mA e a freqüência é escolhida entre 5 e 500 Hz. A duração da sessão é de 50 minutos, sendo realizada uma vez por semana. O número de sessões varia de 3 a 6, sendo que a implantação das agulhas pode ser alterada a cada sessão de acordo com a localização dos enchimentos celulíticos.
Os efeitos fisiológicos proporcionados pela eletrolipoforese são: efeito Joule, onde a corrente elétrica, ao circular por um condutor, realiza um trabalho que produziria certo tipo de “calor” ao atravessar o mesmo; efeito eletrolítico; efeito de estímulo circulatório; efeito neuro-hormonal, que produz uma estimulação artificial do sistema nervoso simpático e, como conseqüência, ocorre a liberação de catecolaminas com aumento de AMP cíclico intradipocitário, e aumento da hidrólise dos triglicerídeos


Concluindo que a eletroterapia consiste no uso de correntes elétrica com diversas finalidades. Existem muitos tipos de correntes que podem ser utilizadas na eletroterapia. Um dos objetivos é o controle da dor. Na utilização da eletroterapia, a TENS  deve ser considerada como uma boa  opção de tratamento na dor lombar crônica, pois o sintoma principal da patologia é a dor.


EQUIPE: Caroline Patricia
               Itamara Souza
               Rafaelle Sousa
               Rodrigo Melo
               Rodrigo de Oliveira
               Rodrigo Oliveira
               Sandra Pereira
               Suzana Graciela

sábado, 26 de setembro de 2015

                       

                          Uso da Estimulação Elétrica Funcional –
                                FES em pacientes neurológicos.

Introdução A estimulação elétrica funcional (FES) é uma forma de eletroterapia capaz de produzir contrações musculares com objetivos funcionais. As contrações evocadas são obtidas a partir de pulsos elétricos com duração de ordem de grandeza de segundos aplicados sobre freqüência controlada. Com isso obtêm-se contrações em condições mais biológicas, sem risco de queimaduras e o desconforto produzido pela exposição mais longa à eletricidade. A FES provoca a contração de músculos paralisados ou enfraquecidos decorrente de lesão do neurônio motor superior, como derrames, traumas raqui-medulares ou crânio-encefalicos, paralisia cerebral, entre outros. Essa corrente elétrica é especifica de tal forma que possibilita a contração muscular funcional. Histórico
O primeiro estimulador portátil foi desenvolvido em 1960 por Wladimir Liberson, com o objetivo de tratamento auxiliar dos pés de pacientes hemiplégicos. Um estimulador simples com um único canal portátil utilizado para ativar os dorsiflexores do tornozelo durante a deambulação nos pacientes hemiplégicos acionado por um único canal de estimulação do nervo fibular dos pacientes para prevenir deformidades em eqüino-varo devido ao mau procedimento. Para tal, foi utilizado um estimulador portátil preso na cintura do paciente, ocando um eletrodo próximo a cabeça da fíbula e outro no ventre muscular dos dorsiflexores do tornozelo. Kralye e Vodovnik em 1977 e Stanic e 1978, publicaram os primeiros estudos com a utilização de múltiplos canais( estimulação de dorsiflexores do tornozelo, eversores, plantiflexores, flexores e extensores do joelho, extensores e abdutores do quadril ). Em 1995, um grupo de autores eslovênios relataram que melhores resultados foram obtidos quando a terapia convensional era associada a eletroterapia. Esse estudo deu suporte considerável que o FES pode acelerar a reabilitação de pacientes com déficits motores importantes, além de diminuir o custo da reabilitação.
Os trabalhos com a FES, no Brasil, iniciaram-se em 1986, no Centro de Reabilitação da Santa Casa de São Paulo, e tiveram suas bases nas experiências da Eslovênia, que apresentava exigência de equipamentos mais simples e também com objetivos terapêuticos assistenciais.




1. Parâmetros do FES:
Não é possível a obtenção de um movimento funcional de um membro paralisado por um simples pulso elétrico; é necessária uma serie de estímulos, com uma certa duração, seguidos por outros com uma apropriada freqüência de repetição.
O ideal é a utilização de pulsos com a duração suficeiente para ser eficaz, porem o mais breve possível a fim de respeitar o conforto do paciente.
- Trem de Pulso: É a seqüência de estímulos. Ele pode ser retangular, porem fases de ascensão e descida mais inclinadas possibilitam uma contração muscular com características mais biolólgicas; se o tempo de subida do pulso (fase de ascensão ou ataque) for muito lento, a fibra nervosa sofre um processo de acomodação de membrana e pode não responder, apesar da intensidade de corrente satisfatória. No programa de recuperação funcional, além da forma de trens de pulso, as característica individuais de cada pulso devem ser determinadas, a fim de se obter efeito terapêutico.
Um período entre dois trens de pulsos deve ser observado um período de repouso, a fim de se evitar a fadiga na fase de recondicionamento muscular ou para permitir o controle das contrações musculares e se obterem movimentos úteis à locomoção.
- Largura de Pulso (T): Tempo em que a corrente permanece na pele do paciente, ou seja, é a duração do pulso elétrico.
- Frequência: É o número de pulsos por segundo, expressos em Hertz (Hz). Frequências elevadas acarretam fadiga muscular e frequências muito baixas não permitem que a contração muscular produza trabalho funcional eficiente.
As frequências de pulso mais utilizadas na técnica FES se situam na faixa de 10 a 50 Hz. Pulsos de estimulo elétrico com duração acima de 0,5s produzem uma sensação desagradável e isto pode ser levado em consideração quando o intuito terapêutico é dirigido a pacientes providos de sensibilidade. As indicações terapêuticas mais indicações terapêuticas mais freqüentes da técnica FES são de pulsos com duração entre 0,2 e 0,5s.
- Rise (Rampa de Subida de Pulso): Regula a velocidade de contração. Tempos altos produzem uma lenta, mas gradual contração. Tempos pequenos geram contrações súbitas, repentinas.-
Decay (Rampa de Descida do Pulso): O tempo de descida regula a velocidade com que a contração diminuí, ou seja, o tempo desde a contração máxima até o relaxamento muscular.

INDICAÇÕES:
- Hemiplegia
- Lesado Medular
- Paralisia Cerebral
- Paralisia Facial
E ainda em estudo encontra-se o uso em pacientes com Parkinson CONTRA-INDICAÇÕES:
Doenças que acometem o neurônio motor inferior (eferente), não são elegíveis à técnica FES. As moléstias que acometem a placa motora, interferindo na passagem do impulso nervoso para o músculo, também não podem ser tratadas por esta metodologia.
- Miopatias: caracterizam-se pela perda da capacidade de contração muscular.
- Obesidade: a gordura pode isolar o nervo a ser atingido.
- Presença de neuropatias periférias: nesses casos não há respostas aos estímulos de curta duração.
- Distúrbios sensoriais importantes: podem gerar irritabilidade da pele.
- Pacientes com uso de marcapasso
- Disritmia cardiacas: só aplicar se houver possibilidade de monitorização com ECG.
É importante que o paciente aceite a técnica e o profissional tenha pleno domímio da mesma, para não haver danos. Sendo contra-indicado caso aja problemas quanto a uma dessas questões.
FES EM HEMIPLEGIA
Embora inúmeras condições possam ser apropriadas para a FES, duas, a hemiplegia e a lesão medular têm recebido maior ênfase. A FES, às vezes em associação com bloqueios neuromusculares, pode ser usada para facilitar a reeducação neuromuscular durante sessões de terapia e em programas de treinamento domiciliar. A utilização de estímulos seletivos de modo repetitivo sobre grupos musculares paréticos além da ação local melhora o trofismo muscular.
Em relação aos aspectos motores, a paresia espástica, a perda da seletividade do movimento,as retrações músculo-liga mentares e as deformidades são problemas que podem ser mais bem tratados com a inclusão da técnica FES no arsenal de recursos terapêuticos utilizados no processo reabilitativo. A técnica FES nunca é recurso terapêutico único no tratamento da hemiplegia; todas as outras formas de cuidados convencionais utilizadas não podem ser negligenciadas.

OBJETIVOS:
A utilização de estímulos seletivos de modo repetitivo sobre grupos musculares paréticos, além da ação local melhorando o trofismo muscular, produz por um mecanismo de ação inibitória recíproca, a diminuição do tônus do grupo muscular voluntária seletiva, com conseqüente recuperação funcional.
- Hipertrofia e fortalecimento muscular: A cinesioterapia clássica recruta fibras do tipo I. Já a eletroterapia recruta fibras tipo II. Estas são as primeiras a se atrofiarem por desuso. Sendo assim, a técnica FES é indicada nas atrofias com o objetivo de ativar número e tipos de fibras diferentes das recrutadas nos exercícios voluntários.


INCLUSÃO E EXCLUSÃO DO FES:
- Calcificações articulares bloqueando as articulações dos quadris e/ou joelho são fatores de exclusão para a utilização dos FES.
- As deformidades em flexão-adução dos quadris ou pés-equinos, são frequentes nos pacientes com lesão medular, são fatores de exclusão desde que sejam moderadas, assim como escaras em tratamento que não estejam comprometendo o estado geral do paciente, ou situadas em zonas de apoio.
- A obesidade é um fator que dificulta sobre-maneira a aplicação da técnica.

FES EM LESADO MEDULAR
Os pacientes com lesão medular de qualquer etiologia, para que sejam elegíveis à aplicação do FES, não podem ter acometimento do neurônio motor inferior. Habitualmente, lesões acima de T12 tem essa características, o que permite o estímulo ao nível do nervo periférico produzir contração muscular com finalidades funcionais.
Pacientes com lesão abaixo desse nível, porém do tipo incompleto, podem ser incluídops no programa se a resposta motora evocada for satisfatória.
Os pacientes devem estar em boas condições clínicas gerais e psicológicas,sem expectativas irrealistas em relação ao tratamento.



OBJETIVO E TÉCNICA:
- Recondicionamento muscular: Em virtude de os pacientes lesados medulares apresentarem um processo de atrofia, mesmo os pacientes espásticos, o processo de recuperação funcional inicia-se por uma fase de recondicionamento muscular. Neste programa o quadríceps é sempre estimulado, visando a funçao de estabilizador do joelho na posição de extensão. O glúteo máximo também é estimulado, vizando reduzir o posicionamento em flexão de quadril. A redução da extensão dos tornozelos e da articulação dos quadris tem como objetivo permitir um alinhamento mais adequado á fase de ortostatismo. Este programa deve ser associado a cinesioterapia visando o fortalecimento dos MMSS, condicionamento cardio-respiratório, equilibrio do tronco e atividades objetivendo a independencia na transferência nos diversos decúbito Transferência: Pacientes com bom equilibrio de tronco e com força de MMSS são considerados aptos a iniciar o treino de transferência de posição sentada para de pé. Ajustado o equipamento, o paciente fica entre as barras paralelas, posicionado com o tronco fletido. A extensão do joelho (FES em quadríceps), associado ao impulso dos MMSS nas barras, promove a postura ortostática.
- Ortostase
- Uso com ortese
- Treinamento de deambulação.



OCORRÊNCIA NEGATIVA EM ESTUDOS:
- Fraturas
- Epifisites
- Derrames articulares
- Queimaduras
FES NA PARALISIA CEREBRAL
A indicação mais frequente é nas formas clínicas onde predomina a espasticidade e em alguns casos leves a atetose. Quanto à distribuição topográfica, os pacientes mais beneficiados são os hemiparéticos e  paraparéticos.


       FES EM PARKINSON

Parkinson é uma patologia do sistema extrapiramidal. Ela consiste de uma afecção lentamente progressiva, e caráter idiopático, tendo quatro importantes características: a rigidez muscular, bradicinesia, tremores de repouso e instabilidade postural.
Observam-se tremores de repouso no inicio do quadro de forma incidiosa seguindo-se a rigidez muscular de forma 
progressiva, associada à lentidão e pobreza de movimentos, tendo dificuldades para iniciar a marcha, mostrando um padrão postural de anteriorização do tronco, assimetria de ombros, associado a padrões cifoescolióticos, os quais tendem a agravar-se com a evolução da patologia.
A utilização do FES no paciente parkinsoniano ainda é pequena e ainda está em fase de estudo, ela consiste em associa-lo à cinesioterapia visando melhorar o padrão postural funcional dos pacientes.
O paciente tende a assumir um padrão patológico de marcha: Possuindo um déficit na dissociação de cintura escapular e pélvica e de flexão de quadril, anteriorizando o centro da gravidade corporal, aumentando a base de apoio para dá maior estabilidade. Mantendo a marcha em passos curtos com dificuldade de impulsão e déficit no aplanamento dos pés na fase de resposta de carga.

OBJETIVOS:
- Melhora do padrão postural e funcional do paciente
- Promover conscientização corporal
- Promover relaxamento global
- Melhora da propriocepção
- Prevenir e/ou amenizar deformidades
- Promover reeducação à marcha
- Promover reeducação à marcha

  TÉCNICA:
Na Região posterior do tronco bilateralmente, coloca-se o FES em pontos motores dos seguintes músculos: trapézio, grande dorsal, romboide maior menor; objetivando extensão da cervical e toracolombar. Sempre associando a manobras de tração lateral em região dorsolombar para um melhor realinhamento axial. Usa-se em região de trapézio e grande dorsal visando fortalecimento, correção postural e conscientização do paciente. A associação do FES nos espinhais e inspiratórios acessórios com a tração axial e o abaixamento do mento, durante a expiração visa a descompressão articular e melhora na postura da região cervical. O uso nos pontos motores do infra-espinhal e redondo menor bilateralmente, visa fortalecer musculatura e conscientizar o paciente quanto ao 
 padrão corretivo.


REFERÊNCIAS
ROBINSON, Andrew; SNYDER, Lynn. Eletrofisiologia Clínica. 2ª edição. Ed. Artmed, 2001.
LOW, Jonh ; ED, Ann. Eletroterapia Aplicada Princípios e Prática. 3ª edição Ed. Manole, 2001.
NELSON, Roger M.; HAYES, Karen W.; CURVIER, Dean P. Eletroterapia Clínica. 3ª Edição. Ed. Manole, 2003.
LIANZA, Sérgio. Estimulação Elétrica Funcional – FES e reabilitação. Ed. Atheneu, 1993.
KITCHENS,Sara; BAZIN, Sarah. Eletroterapia de Clayton. 10ª Edição. Ed. Manole.
NOGUEIRA, Jenniffer Costa; LIMA, Clodoaldo M. Estimulação Elétrica Funcional aplicada a pacientes hemiplégicos: um panorama. Departamento de Engenharia da Computação e Automação Industrial. Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação. Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Disponível em http:// www.avesta.com.br/anais/dados/trabalhos/319.pdf. Acesso em 19 de outubro de 2003.
PRADO, Rodrigo et al. Proposta de tratamento com Estimulação Elétrica Funcional – FES, associada a cinesioterapia na doença de Parkinson. Medicina de Reabilitação. v. 133, p. 23 – 27, 2000.

Grupo: Juliano luiz
             Juliana
            Isli Tauane
            Adriano Ramos
          Marcondes Dias 
          Ervane
          Rudymilla
          Estefânia



quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Pré-inscrições abertas para o 8º Congresso Internacional de Fisioterapia

A Sociedade Brasileira de Fisioterapia abre pré-inscrições para o 8º Congresso Internacional de Fisioterapia, com uma promoção especialíssima.
O congresso ocorrerá em Salvador (BA), de 15 a 18/09/2016, no Centro de Convenções do Fiesta Bahia Hotel.
Teremos os mais renomeados conferencistas internacionais e nacionais que desenvolverão temas atuais e de total aplicabilidade clínica para os profissionais, acadêmicos, docentes e pesquisadores no campo da Fisioterapia e da Saúde em geral.
Programe-se com antecedência e participe deste sensacional evento!
O 1º Lote Promocional estará disponível por tempo limitado nos seguintes valores:
Acadêmicos: R$ 190,00
Profissionais: R$ 290,00
Em até 3 x sem juro
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Equipe: Rízella Lindoso
Lindinêz Andreza
Manuela Silva
Hortência Costa
Fabiana Cristina
Omar Fernandes
Guilherme Arruda
Diego Campelo

domingo, 20 de setembro de 2015

Efeitos do TENS e FES

TENS

Efeitos Fisiológicos

Alívio da dor

A “Teoria das Comportas” é um modelo anatomofisiológico que concilia os fenômenos excitatórios e inibitórios, que se manifestam da mesma maneira nos níveis espinhais e supra-espinhais.
A corrente do TENS é modulada para estimular as fibras nervosas que transmitem sinais ao cérebro e são interpretadas pelo tálamo como dor. (KHAN apud CASTRO, 1998). Os eletrodos são colocados na superfície da pele, e os impulsos transmitidos de forma cutânea estimulam as fibras A beta, mielinizadas, que conduzem informações ascendentes. Assim, se a transmissão de estímulos através das fibras A for predominante, o sinal de dor conduzido pelas fibras C (também responsáveis pela condução da sensibilidade dolorosa) é inibido pelas células T, e não ascende dos tratos espinotalâmicos laterais para o tálamo. Por outro lado, se os impulsos das fibras C superarem os estímulos veiculados pelas fibras A, a dor irá prevalecer. Desse modo, a corrente, enquanto aplicada, promove uma hiper-excitação das A, com a finalidade de bloquear a transmissão das fibras C, o que explica o alívio da dor.
Já o pós-efeito está relacionado com a liberação de opióides endógenos, que são os fármacos mais importantes no tratamento da dor. São conhecidos como hormônios neuropeptídeos que originarão agentes ativos após segmentação enzimática. Pertencem a 3 famílias de opióides neuropeptídeos: as dinorfinas (liberadas na medula espinhal com freqüência de 100 a 1000 Hz), as encefalinas e as endorfinas (as 2 liberadas no SNC com freqüências de 5 a 10 Hz), sendo estas últimas importantes no mecanismo de alívio da dor.

Indicações

Dores pós-operatórias
Dores cervicais e cervicobraquialgias
Dores lombares e Ciatalgia
Dores de cabeça, face, de
nte e de ATM
Dores articulares, artrites, bursites, luxações e entorses
Dores musculares, contusões, miosites, 
Dores de câncer
Dores viscerais abdominais
Dores nas costas e torácicas 
Dores no coto de amputação e em membros fantasmas
Neuropatias e Neurites

Contra-indicações

Dor não diagnosticada - pode motivar uma atividade física mais vigorosa antes que uma lesão esteja recuperada ou mascarar uma doença grave;
Marcapasso (ao menos que recomendado pelo cardiologista)
Gestação - evite a aplicação durante os três primeiros meses, principalmente em regiões lombar e abdominal
Epilepsia
Sobre os olhos
Problemas Cardíacos - podem apresentar reações adversas.
AVC (não aplicar na face ou no pescoço)
Problemas Cognitivos

NÃO APLICAR!

Sobre o seio carotídeo: pode exacerbar reflexos vago-vagais
Pele danificada
Sobre a pele disestésica
Internamente (boca)

Preparação do cliente

1. A área selecionada deve estar anatômica ou fisiologicamente relacionada a fonte de dor.
2. A pele deve estar limpa e sem pêlos afim de diminuir a resistência da pele.
3. Os eletrodos devem estar bem fixados ao tecido tratado.


Nota 1: Estimular com intensidades reduzidas as regiões do pescoço e da boca para evitar espasmos dos músculos laríngeos e faríngeos.
Nota 2: Aumentar a intensidade de acordo com a sensibilidade do paciente e o permitido pelo tamanho do eletrodo 2 mA/cm² de eletrodo

Limpeza dos Eletrodos

Os eletrodos devem ser lavados em água corrente e com sabonete anti-séptico e 
bem secos.

FES

Indicações





Manter ou Ganhar ADM
Facilitar o Controle Motor Voluntário
Redução Temporária da Espasticidade
Facilitar o Retorno Venoso e Linfático
Para Uso como Órtese

Contra-indicações

Marcapasso
Doença Vascular Periférica, especialmente quando há a possibilidade de deslocamento de trombos
Hipertensão e hipotensão, já que a corrente pode afetar as respostas autonômicas
Áreas com excesso de tecido adiposo, já que pessoas obesas podem necessitar de níveis elevados de estímulo, o que pode levar a alterações autonômicas
Tecido neoplásico
Áreas de infecção ativa nos tecidos
Pele desvitalizada, por exemplo após radioterapia
Pacientes incapazes de compreender a 
natureza da intervenção ou de dar feedback sobre o tratamento


NÃO APLICAR!




Seio carotídeo
Região torácica: pode haver interferência na função cardíaca
Nervo frênico
Tronco, durante a gestação

Preparação do cliente

1. A área selecionada deve estar anatômica ou fisiologicamente relacionada a fonte de dor.
2. A pele deve estar limpa e sem pêlos afim de diminuir a resistência da pele.
3. Os eletrodos devem estar bem fixados na área a ser tratada

Fatores que interferem com a estimulação

Obesidade
Presença de neuropatias periféricas
Distúrbios sensoriais importantes
A aceitação do paciente


Cuidados na Aplicação

Posicionar os eletrodos procurando
estimular o ponto motor e assim conseguir uma contração muscularvigorosa e sem dor
Selecionar o tipo de fibra muscular a ser trabalhada
Na contração isotônica e isocinética não estimular musculatura agonista e antagonista ao mesmo tempo
Selecionar o tempo adequado de contração e tempo total de aplicação evitando assim a fadiga muscular
Aumentar a intensidade de acordo com a sensibilidade do paciente e o permitido pelo tamanho do eletrodo.





Limpeza dos Eletrodos

Os eletrodos devem ser lavados em água corrente e com sabonete anti-séptico e bem secos. 







Fonte: Bioset
http://www.concursoefisioterapia.com/2010/07/efeitos-do-tens-e-fes.html?m=1

Grupo:Juliano Luiz 
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quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Lesão de Ligamento Cruzado Anterior. Abordagem Fisioterapêutica

A articulação do joelho pode ser descrita como uma articulação sinovial condilóidea volumosa, complexa e instável formada por três ossos: o fêmur distal, a tíbia proximal e a patela. Existem dois graus de liberdade de movimento, os movimento de flexão e extensão ocorrem no plano sagital e a rotação axial ocorre no plano transversal (PALMER & EPLER, 2009); entretanto, podemos levar em consideração que os movimentos de dobradiça são associados ao deslizamento e rolamento e à rotação em torno de um eixo vertical (MOORE et al., 2013). Na flexão da articulação do joelho há inclinação ou diminuição do ângulo entre o fêmur e a parte inferior da perna; na extensão há o aumento do ângulo entre o fêmur e a 
parte inferior da perna; na rotação lateral o movimento rotatório lateral da parte inferior da perna faz com que haja um afastamento em relação a linha mediana e na rotação medial ocorre um movimento giratório medial da parte inferior da perna em direção à linha média (FLOYD, 2011).

Uma das características em destaque na complexa articulação do joelho são suas grades dimensões e formatos incongruentes, o que a faz fraca no ponto de vista mecânico. Devemos levar em consideração que o joelho possui importantes funções biomecânicas e que está sempre sujeito a estresse considerável e distensão pela ação combinada de suas funções de sustentação de peso e locomoção (FLOYD, 2011). Para manter sua estabilidade faz uso principalmente da ação dos tecidos moles, em vez de sua configuração óssea (NEUMANN, 2011). Essa grande articulação conta então com a ação da força dos músculos e seus tendões e por diversas estruturas tais como ligamentos, cápsulas articulares e meniscos, que irão contribuir para sua estabilidade (SMITH et al., 5ed).

Sendo assim, o conhecimento da anatomia e da cinesiologia do joelho é um dos pré-requisitos essenciais para que se possa ter uma maior dimensão e compreensão dos principais mecanismos de lesão, bem como a efetiva intervenção terapêutica (NEUMANN, 2011).

Dos ligamentos presentes no joelho damos destaque ao ligamento cruzado anterior por ser o mais frequentemente lesado, ocorrendo o rompimento principalmente em esportes que exigem muita rotação. Para o joelho manter sua estabilidade o mesmo depende muito de seus ligamentos, o joelho tem uma amplitude de movimento restrita de 0º a 150° somente em um plano e são os ligamento que impedem o movimento indesejado (DANDY, 2000).

O rompimento do ligamento cruzado anterior é uma das lesões mais comuns e mais sérias do joelho (FLOYD, 2011). O ligamento cruzado anterior tem a função de manter a tíbia para trás em relação ao fêmur, caso haja o rompimento do ligamento cruzado anterior a tíbia se moverá para frente. A instabilidade presente no joelho após a ruptura do ligamento cruzado anterior é fácil de avaliar depois do traumatismo, antes mesmo de ter ocorrido o sangramento e o edema dos tecidos, após 15 minutos do ocorrido fica mais difícil de avaliar devido o edema e o espasmo muscular protetor. Estimaram a incidência de 0,24 lesão do LCA a cada 1.000 indivíduos saudáveis ao ano, em análise da população dirigida ao Hospital de San Diego (FATARELLI et al., 2001).

MECANISMO DA LESÃO DE LCA

A laceração do LCA ocorre como resultado de desaceleração brusca, hiperextensão ou lesão rotacional que geralmente não envolve contato com outro indivíduo (BRODY & HALL, 2012). A lesão pode ser total ou parcial (COHEN, 2008), de maneira geral, o rompimento ou a lesão ocorre decorrente de forças rotatórias sem contato associados à fixação do pé e a movimentos rápidos de direção (FLOYD, 2011). A lesão do LCA pode estar associada a lesões do LCM, do menisco medial e do menisco lateral, em alguns casos o coto do LCA pode ficar aderido à sinovial do LCP, dando a falsa ideia de um joelho normal.

A maior parte das rupturas do LCA envolve uma subluxação transitória do joelho, o que provoca um trauma secundário a outros tecidos, incluindo o osso, a cartilagem articular, meniscos ou o LCM (NEUMAN, 2011).

Os pacientes com lesão de LCA podem apresentar artrocinemática articular alterada no plano transversal (BRODY & HALL, 2012). A lesão resulta em significativas limitações da atividade e restrições, como o de participar de atividades habituais devido à instabilidade. Atividades vigorosas e contínuas sobre um joelho com lesão de LCA pode causar também lacerações meniscais. A lesão do LCA é detectada no exame físico por diversos testes específicos para pesquisar o LCA e por meio de exames complementares por meio de imagem. Atualmente, o exame de escolha é a ressonância nuclear magnética (Figura 2) (COHEN, 2008).

TRATAMENTO

Podemos identificar consequências distintas possíveis após a ruptura ligamentar que irá variar de acordo com o grau da lesão e resposta do paciente, sendo uma delas o bom resultado sem cirurgia a qual o paciente é capaz de levar uma vida normal sem quaisquer dificuldade, na outra já se encontra uma instabilidade tão significativa que o paciente necessitará de reconstrução do ligamento. Deve ser levado em consideração que lesões associadas afeta o programa de reabilitação.

Os problemas em relação à reabilitação a considerar quando se trata um indivíduo após lesão do LCA incluem comprometimentos, limitações na atividade e restrições na participação identificados durante a avaliação e quaisquer lesões concomitantes (BRODY & HALL, 2012).

TRATAMENTO CONSERVADOR

No tratamento conservador há uma remoção do sangue do joelho por aspiração minuciosa ou por artroscopia. Uma vez removido o sangue, poderá ser instituída a fisioterapia logo após o estágio agudo, para recuperação de ADM normal, controle de equilíbrio, normalização da marcha e fortalecimento de todos os grupos musculares, dando destaque aos flexores do joelho (KISNER & COLBY, 2009). Neste tratamento não é possível restaurar a integridade do ligamento, mas poderá restaurar a função.

Alguns indivíduos experimentam episódios de instabilidade após lesão do LCA em virtude de sua importância no controle do centro instantâneo de rotação e subsequentemente fracassam na tentativa de um tratamento conservador (BRODY & HALL, 2012).

TRATAMENTO CIRÚRGICO

No tratamento cirúrgico a correção do ligamento cruzado anterior é possível, sendo necessária uma reconstrução completa do mesmo. Este é indicado para futebolista profissional que precisa retornar a um esporte sem demora, ou para um paciente com instabilidade muito visível, o mesmo é aconselhado imediatamente depois do traumatismo (COHEN, 2008). Aproximadamente um paciente a cada três precisará da reconstrução após a ruptura do cruzado anterior, o restante dividem-se igualmente entre aqueles que têm problemas menores ocasionais e aqueles que não têm qualquer tipo de sintoma (DANDY, 2000).

Há diversos fatores que influenciam na decisão de realizar a reconstrução cirúrgica, estes incluem o ligamento lesado, a localização e tamanho da lesão, bem como seu grau de instabilidade dada pelo paciente, presença de patologias associadas, nível desejado de função e o risco de ocorrer outra lesão (KISNER & COLBY, 2009). A indicação da reconstrução ligamentar corresponde ao período aproximado de 3 semanas após a lesão, a partir do momento em que a articulação se encontre com amplitude média de 90º, realizada de forma ativa e indolor, quando realizada a reconstrução ligamentar na fase aguda aumenta a incidência de artrofibrose e retarda a reabilitação. A reconstrução do ligamento cruzado anterior pode ser feita com diferentes tipos de enxerto, e sua utilização depende da preferência e da experiência do cirurgião (COHEN, 2008).

Estes incluem tendão patelar, tendões flexores do joelho e tendão de cadáver denominado de aloenxerto. No caso do enxerto realizado a partir do tendão patelar, é utilizada sua parte central, sendo 1/3 do tendão removida juntamente com um bloco de osso da patela e da tíbia. Este já foi o enxerto mais utilizado pelos médicos especialistas na década de 90, onde fora considerado o padrão ouro para reconstrução de LCA, porém neste tipo de enxerto é possível que haja o risco de fratura de patela ou ruptura do tendão patelar após a cirurgia, além do que os pacientes referem dor na parte anterior do joelho e ao ajoelhar-se.

Nos enxertos utilizando-se tendões dos flexores, isquiotibiais, são removidos dois dos tendões deste grupamento muscular, o semitendineo e o grácil, e dobrados em conjunto para criar um novo LCA, hoje são os mais utilizados pelos cirurgiões e possui a vantagem de ter uma incisão menor que a incisão para a retirada do tendão patelar, além da dor no pós operatório costuma se menor. O aloenxerto é mais comumente usado em pacientes com menor demanda, no Brasil sua disponibilidade é muito restrita e o fator preço também dificulta sua utilização, este é mais usado quando um enxerto autógeno apropriado não está disponível, como por exemplo, quando o tecido do próprio paciente não é apropriado para a colheita do enxerto (KISNER & COLBY, 2009).

Após a cirurgia, o paciente passa por um programa completo de reabilitação na fisioterapia, para progressivamente recuperar e retornar com segurança à suas atividades de vida diárias e no caso de esportistas às suas atividades esportivas. É importante levarmos em consideração que, mesmo que o paciente realize uma reconstrução cirúrgica, estas estão com um risco elevado de desenvolver osteoartrose do joelho relacionada a estresse em algum momento de suas vidas (NEUMAN, 2011).

PROTOCOLO FISIOTERAPÊUTICO DE REABILITAÇÃO DE LCA

São designadas algumas metas durante o processo de reabilitação pós-operatória de reconstrução ligamentar, sendo elas restaurar a estabilidade e mobilidade articular, obter apoio de peso indolor e estável, força e resistência suficientes para suprir as demandas funcionais e habilidade de retornar às atividades (KISNER & COLBY, 2009). Para isso é necessário um bom programa de reabilitação, na qual podemos encontrar uma gama de protocolos de tratamento propostos, o que devemos levar em consideração antes da escolha de qual protocolo seguir é observar a gravidade da lesão, as lesões associadas caso haja e ainda é válido ressaltar o respeito à individualização do paciente para que possa haver sucesso no decorrer do tratamento. A seguir será descrito alguns protocolos de reabilitação pós-cirúrgica de reconstrução de ligamento cruzado anterior.

SEGUNDO O PROTOCOLO DE REABILITAÇÃO PÓS-CIRÚRGICA DE LCA POR FISIOTERAPEUTAS ERNESTO FERREIRA E ÂNGELA MADUREIRA.

FASE I (1ª e 2ª SEMANAS)

Marcha com duas canadianas com apoio proprioceptivo.
Electroestimulação (vasto interno).
Mobilização da rótula (vertical e horizontal).
Contracções isométricas do quadricípete.
TENS.
Crioterapia.

FASE II (3ª e 4ª SEMANAS)

Marcha com duas canadianas, carga parcial (50% do peso corporal).
Electroestimulação.
Mobilização da rótula.
Mobilização passiva de 0ºa 120º. Mobilização activa de 0º a 90º.
Fortalecimento muscular do quadricípete e isquiotibiais.
Exercícios proprioceptivos sentado.
Fortalecimento muscular de flexores, abdutores, adutores e extensores da anca.
Alongamento da cadeia posterior (isquiotibiais e gémeos).
Massagem com especial incidência sobre a cicatriz e “portões de entrada”.
TENS.
Crioterapia.

Hidroterapia
Mobilização passiva e activa do joelho.
Treino de marcha.
Exercícios proprioceptivos em apoio bipodal.
Fortalecimento de quadricípete, isquiotibiais e gémeos
(utilização de Aquafins e step).
Alongamento da cadeia posterior (isquiotibiais e gémeos).

FASE III (5ª e 6ª SEMANAS)

Carga total, marcha com uma canadiana (só na quinta semana).
Electroestimulação.
Mobilização passiva de 0º a 135º. Mobilização activa de 0º a120º.
Bicicleta estática (sem resistência).
Fortalecimento muscular do quadricípete e isquiotibiais.
Fortalecimento muscular de flexores, abdutores, adutores e extensores da anca.
Exercícios proprioceptivos em apoio bipodal.
Alongamentos da cadeia posterior (isquiotibiais e gémeos).
Massagem.
TENS.
Crioterapia.

FASE IV (7ª a 9ª SEMANAS)

Inicio da musculação em cadeia cinética aberta (legcurl, legextension,
legpress, gémeos e anca).
Electroestimulação.
Mobilização passiva do joelho (amplitude completa).
Bicicleta com resistência progressiva.
Exercícios proprioceptivos em apoio unipodal.
Alongamentos (quadricípete, isquiotibiais e gémeos).
Massagem.
TENS.
Crioterapia.

Hidroterapia
Bicicleta subaquática.
Mobilização passiva e activa do joelho.
Treino de marcha.
Exercícios proprioceptivos em apoio unipodal.
Fortalecimento de quadricípete, isquiotibiais e gémeos
(utilização de Aquafins e step).
Alongamento da cadeia posterior (isquiotibiais e gémeos).

FASE V (10ª à 12ª SEMANAS)

Musculação em cadeia cinética aberta.
Trabalho excêntrico do quadricípete.
Electroestimulação.
Mobilização passiva do joelho.
Bicicleta com resistência.
Corrida na passadeira.
Alongamentos (quadricípete, isquiotibiais e gémeos).
Exercícios proprioceptivos em apoio unipodal.
Massagem.
TENS.
Crioterapia.

Hidroterapia
Trabalho pliométrico na cama elástica com apoio
bipodal.
Corrida.
Exercícios de técnica de corrida.
Exercícios proprioceptivos em apoio unipodal.
Alongamentos (quadricípete, isquiotibiais e gémeos).

FASE VI (13ª à 16ª SEMANAS)

Musculação em cadeia cinética aberta e fechada.
Electroestimulação.
Mobilização passiva completa.
Bicicleta.
Corrida na relva ou na praia.
Exercícios proprioceptivos em apoio unipodal.
Trabalho pliométrico na cama elástica com apoio bipodal.
Alongamentos (quadricípete, isquiotibiais e gémeos).
TENS.
Crioterapia.

Hidroterapia
Trabalho pliométrico na cama elástica com apoio
bipodal.
Corrida.
Exercícios de técnica de corrida.
Exercícios proprioceptivos em apoio unipodal.
Alongamentos (quadricípete, isquiotibiais e gémeos).

FASE VII (17ª à 24ª SEMANAS)

Musculação.
Bicicleta.
Corrida, treino condicionado e progressivo (na respectiva modalidade).
Exercícios proprioceptivos adaptados à modalidade.
Trabalho pliométrico.
Alongamentos (quadricípete, isquiotibiais e gémeos).
Crioterapia.
Hidroterapia
Trabalho pliométrico na cama elástica com apoio
bipodal.
Corrida.
Exercícios de técnica de corrida.
Exercícios proprioceptivos em apoio unipodal.
Alongamentos (quadricípete, isquiotibiais e gémeos).



Fonte: https://www.portaleducacao.com.br/fisioterapia/artigos/55568/lesao-de-ligamento-cruzado-anterior-abordagem-fisioterapeutica

Equipe: Lindinêz Andreza 
             Rízella Lindoso
             Diego Campelo
             Hortência Costa
             Fabiana Cristina
             Guilherme Arruda
             Omar Fernandes
             Manuela Silva